Proposta de Padronização Contábil para Criptoativos: Uma Caminhada Promissora com Pontos a Melhorar
Recentemente, o Banco Central (BC) lançou a Consulta Pública 122/2025, que visa estabelecer regras claras sobre como instituições reguladas devem contabilizar criptoativos, definição de critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação, inclusive em notas explicativas.
Pontos Positivos
- Transparência: Advogados e especialistas, como Guilherme Peloso Araújo e Fabio Kupfermann, elogiam a proposta por trazer clareza às demonstrações, algo essencial para entidades que lidam com criptoativos.
- Seguindo práticas globais: A proposta está alinhada com tendências internacionais, adotando o valor justo (“fair value”) para avaliação, prática já usada por normas como IFRS.
- Reconhecimento de ativos: A futura resolução permitirá que empresas saibam o valor realizável de seus criptoativos ponto defendido por Araújo.
Pontos Críticos e Necessários Ajustes
- Volatilidade: A reavaliação constante a valor justo pode causar grandes oscilações nos resultados contábeis impacto que pode distorcer lucros ou prejuízos.
- Staking e receitas correlatas: Ainda não está claro se rendimentos como staking devem ser contabilizados como receitas tributáveis, tema que exige regulamento mais refinado .
- Critérios de “descontinuidade”: O rascunho indica que ativos devem ser dados baixa quando “descontinuados”, mas não define o que isso significa, deixando margem para debate e possíveis inconsistências.
- Escopo limitado: A proposta se aplica principalmente a criptoativos típicos (Bitcoin, Tether), ficando de fora tokens considerados valores mobiliários, como tokens lastreados em ações ou contratos, que exigem normas específicas.
Repercussões no Cenário Atual de Cripto no Brasil
- A OKX Brasil trouxe à tona que aumentos de impostos ou custos contábeis elevados podem incentivar a migração de atividades para fora do país, afetando a base tributária e fiscal brasileira.
- Ainda, escândalos como a Operação Colossus mostram o lado negativo da falta de clareza e controle contábil de criptoativos, com evasão e lavagem bilionárias.
O que acontece agora e o que esperar?
- O BC está coletando contribuições até o fim da consulta. A próxima fase será a redação da resolução final deve considerar emendas técnicas sobre staking, definição de “descontinuidade” e escopo .
- Espera-se que a norma entre em vigor em meados de 2025 ou início de 2026 trazendo segurança jurídica às instituições.
- Profissionais contábeis e tributários precisam se preparar: adaptar práticas de mensuração, criar controles internos robustos e alinhar declarações de receitas ativas como staking ou yields.
Em Resumo
Tema | Situação Atual |
---|---|
Transparência | Aprovada: regras claras e aderentes ao padrão internacional |
Volatilidade | Negativa: impacto contábil significativo, que deve ser mitigado |
Staking e receitas | Pendente: tratar como receita ou não ainda em discussão |
Escopo | Parcial: cobre cripto base, exclui tokens financeiros |
Fiscalização e mercado | Urgente: normatização ajuda a frear evasão e risco reputacional |
A proposta representa um avanço fundamental na regulamentação contábil de criptoativos, mas, como todos concordam, exige afinações essenciais especialmente sobre volatilidade, rendimentos e escopo. A fase atual de consulta é o momento-chave para que especialistas e instituições contribuam com sugestões que tornem o marco robusto e aplicável à realidade brasileira.
Share this content:
Publicar comentário